aqui me tenho sem mim ou “corpunculus”

Lucimar Bello (2002 | 2006)

aqui me tenho sem mim ou corpunculus

Conjunto de 230 adesivos hormonais usados por mim (continuo usando…). Troco-os 2 vezes por semana. Ajuntei todos os que troquei no apartamento das Perdizes, onde morava. Quando estava em viagem, jogava os adesivos no lixo. Estes 230 resíduos de ex-remédios, guardam, mostram fragmentos de descamadas.peles.poros… selos.guardiões de estados do corpo-lucimares, entre 2002 e 2006. São quase “via cruxis, numa grande corda bamba”. Converso com Cristo Morto, de Andrea Mantegna; com Merleau-Ponty, Lygia Clark, Judy Chicago, Pipilotti Rist…

Foram mostrados no MUnA em 2006. Os uso sempre entre os joelhos e a cintura. Numa das paredes do museu, foi pintada uma faixa de tinta, com a mesma medida dos meus joelhos até a cintura. A cor, bem próxima a desta região do corpo… Em fileiras, os adesivos eram pregados com alfinetes de costura (ligeiramente presos à parede), o que lhes dava leveza e certa mobilidade. De longe pareciam madrepérolas, escamas de peixe, mas nada disso, eram descarte de renovação de um corpo que, pela idade, vai se decompondo para compor, corpar de outras maneiras, com-figurar de outros modos, aleatórios, inventivos… Podiam ser vistos com lupas presas ao teto do museu… Hoje moram guardados em pequenas caixas, até que sejam convocados a voltar para algum espaço público…