por Sanchris Santos (sobre Se as coisas de pé fossem)

“Se as coisas de pé fossem”

O que pensar-sentir de algo que te suspende…Viver aquilo que parece não ter extremidades. Lucimar, sempre que vem me causa isto e em momentos de curvas e sobrevoooooos-internos. Será que ela sabe que é bonita, que traça beleza, alinhava vidas? Deixa passar, passa por entremeios. Esta exposição “Se as coisas de pé fossem” que trouxe para Belém, para a Casa das Onze Janelas, conteve numa sala nos altos, o silêncio! O silêncio que convida aquele que adentra a preparar a linha na agulha para infiltrar nos pequenos papéis-cartões, linhas finas-vermelhas, vibrantes, tecendo corpos, sem contornos. Cerzidos são entranhas que vestem quatro paredes. Ao entrar, os olhos percorrem uma fileira-supensa de pequenos papéis-cartões; o seu contraponto, os textos de Marisa Morkazel e de Maurício Ribeiro da Silva, dando continuidade, ainda, do mesmo lado há papéis com texturas-marcas-relevos no formato de círculos-pontilhados que receberam rastros-manchas de lágrimas. Nas outras duas paredes, uma expõe uma espiral de pequenos papéis que apresentam a linha traçada por grafitte. A disposição com intervalos solicita daquele que ali foi acolhido a coparticipação para a sua continuidade. À sua frente, a outra parede apresenta dispostos fragmentos de habitações, arquiteturas que tautologicamente assumem numa nova dimensão na expressividade de imagens-movimentos, dispostas numa tv-vídeo no centro das fileiras verticalizadas com suas alteridades. O interior desta sala-cidade-corpo reveste a pele daquele que ali visita, adentra pelos poros e cria estranhas sensações de vazios-cheios. Isto é possível? Mas, foi o que eu senti! Insatisfeita, ela prolongou o seu corpo-cidade-tessitura-te-cidade-ter-cor-ter-po para realizar o encontro. Uma roda de conversa, à frente de um mar-rio-lugar diante das Onze Janelas. Por duas tardes, ‘encontros espinosianos’ também cerzindo, multiplicando a agulha, linha de linha, de escrita, gesto e palavras fazendo “a meta da prática de si é o eu. Somente alguns são capazes de si, muito embora a prática de si seja um princípio dirigido a todos” (FOUCAULT, 2010, p. 114) . Ao término sem fim, saímos suspensos desse encontro. Anestesiados das bipolaridades da vida. Muito obrigada pelo presente!

Sanchris Santos 21.03.2013.